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UM GESTO INESQUECÍVEL

  • Zaga Mattos
  • 11 de nov.
  • 2 min de leitura

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Não há dúvida, a preguiça é a mãe de todos os vícios (e apesar de todos reconhecerem essa condição insistem em não a homenagear no Dia das Mães). Voltemos a ela.

Então, por preguiça ou probleminhas de menor importância, tenho saído pouco para longas caminhadas. Até mesmo a ida até ali ou um pouco mais longe, fico na enrolação e acabo resolvendo por aqui mesmo.

Hoje, porém, levantei cedo e fui cumprir um compromisso: a reunião semanal com um grupo de pessoas que têm dado sua contribuição à cultura itajaiense. Aceitei o convite para o café da manhã nas quintas-feiras. Se poderia haver sacrifício, pensei, faço a sublimação à noite nos come-e-bebes da minha confraria. Mas, que nada: momentos agradáveis, já no início da jornada, de tertúlias e bate-papos, sem o compromisso de querer salvar o mundo.

Nesse sair de casa levo comigo o texto de abertura de minha página do Facebook: Crônicas Zaga Mattos. Está lá: Alegrias ou tristezas. Tudo está por aí ao derredor. Basta ter olhos e ouvidos atentos e o coração aberto. Assim é o cotidiano. A paisagem do dia a dia.

Com esse espírito observador fico atento aos sons, imagens, situações. Sempre há lições para se tirar. Hoje, por exemplo, um freguês do clássico “me dá um dinheiro aí” irritou-se porque lhe respondi: hoje não tenho. Ele, freguês de carteirinha de meu bom humor, mais do que por generosidade, reclamou. Achei melhor seguir em frente e, de si para si, exclamei: então tá!

Mais à frente, diante de um trailer, famoso pelos seus pastéis, dois cachorros de pelagens lustrosas, aproveitando o calor do sol. Lembrei-me, no instante, de uma frase muito ouvida, na minha adolescência. Bastava um “acima do peso” entrar, no bem frequentado bar, para alguém o provocar: por onde anda? Pelo visto o grude é bom... tá mais gordo do que cachorro de açougueiro!

Continuei o percurso e, logo adiante, notei que o cadarço de meu tênis estava desamarrado. Procurei um encosto, um apoio, uma escada... A idade inicia seu avanço pelo percurso mais inteligente, para se fazer notar: a coluna!

Tudo fica mais difícil. Principalmente àqueles que nunca foram de se curvar facilmente, fosse qual fosse a circunstância: bastava ter três cartas do mesmo naipe para encarar a parada e tentar o flush...

Olhava o cadarço desafiador, perdi o equilíbrio em duas ou três vezes. Os esforços não foram, todavia, infrutíferos. Logo adiante, na mesma calçada, um casal aproveitando o belo dia de sol, vinha, em sentido contrário. Quando me encostei num muro para tentar mais uma vez “brigar” com o cadarço, ouvi a voz feminina: espere aí. Vou lhe ajudar!

Antes mesmo de me refazer do espanto causado pela inesperada ajuda, a senhora, com seu traje esportivo, ajoelhou-se diante de mim e deu sólidos laços, amarrando os tênis.

A primeira imagem que me acorreu foi a do lava-pés, expressão maior da humildade. Desconcertado, só me lembrei de dizer “muito obrigado”.

Hoje, refeito da surpresa, e com a lembrança daquele inesquecível gesto, levo comigo essa lição, a qual sempre me recorro, principalmente quando a vontade é de dizer “não me amole”.

=Imagem Gerada por AI-

 
 
 

3 comentários

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Convidado:
13 de nov.
Avaliado com 5 de 5 estrelas.

Muito bom!

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Convidado:
12 de nov.

muito boa crônica.

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Zaga Mattos
12 de nov.
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Grato! Por gentileza, encaminhe-me seu e-mail para contato. Grato

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Com um nome de 34 letras resolvi facilitar a comunicação e adotei, de vez, o Zaga Mattos. Jornalista, hoje, por ócio do ofício, escritor.

 

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