NÃO É DE HOJE...
- Zaga Mattos
- há 4 dias
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ZAGA MATTOS

E NÃO É DE HOJE...
Zaga Mattos
Estava uma calmaria. Já íamos nos acostumando com as narrativas. O “deixa pra lá” estava se tornando palavras de ordem para não esquentar a cabeça. Uma espécie de convivência pacífica parecia estar se instalando nos grupos.
Até que veio o “mas”. Aliás, mais que o “mas”... foi a “Masgnistique” ou algo que o valha. Foi difícil soletrar; mas de tanto bombardeio o “palavrão” ingressou na conversa do dia a dia. Por certo, logo, logo fará parte do VOLP. Não se preocupe! Explico: é o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa. Editado e publicado pela Academia Brasileira de Letras (ABL).Tem caráter normativo para o português do Brasil.
E, desse modo, Magnitsky (já familiarizado) caiu no gosto popular e está, inclusive, no bate-papo na espera da fila da manicure, vizinha de casa. Tirou do cardápio até a assanhada da Bebete, a garçonete da churrascaria do outro lado da rua. A menina se encantou com um freguês que tem âncora tatuada no braço e se diz marinheiro. As invejosas já começaram a falar que logo, logo, ela vai ficar a ver navios.
Houve até uma língua de trapo que, com a mão no queixo, segredou: dizem que já está buchuda!
Socorro-me das palavras do Benjor para me despedir da Bebete, “Vambora...”. Retomo o ponto de partida. Para analisar, como se estivesse a preparar um Miojo, esse ufanismo que está por aí.
Há mais de 70 anos vejo o meu povo seguindo o American Way of Life. Lembro-me de quando tomei pela primeira vez a Coca Cola. Na pequena cidade do interior do Paraná, a garotada deixava os pequenos bares de fim de rua para beber a “novidade”, antes de ir à matinê para ver o Roy Roger e seu cavalo Trigger. E não me esqueço do primeiro chiclete de bola, que comprei numa ida à Curitiba, com meus pais. Na embalagem, desenho estampado, no verso, ensinando como assoprar aquela goma e fazer a tão sonhada bola. Já na adolescência, a garotada cantava Oh, Carol, como se estivesse na frente da moça da sorveteria e fizesse o seu pedido: "quero esse... quero de limão.". Eu, por exemplo, fico feliz hoje por não ter ido além do “rauduiudu”. Preferi curtir a Bossa Nova. E assim fui tocando meu barquinho, numa nota só. Sem “papagaiar”, aprendi o português.
E a cereja desse bolo foi, sem dúvida, a calça Lee. Enquanto vestiam a Faroeste, da Alpargata, os adolescentes sonhavam com aquelas calças da juventude dos filmes americanos. Em 1965, fui ao Rio de Janeiro, e meu propósito maior era encontrar a Lee. E se ela era americana, fui direto na Sear’s. Que nada! A simpática balconista assoprou a palavra mágica: “Talvez você encontre no Mercadinho Azul, em Copacabana”. Tiro e queda! Sucesso total! E o Quarto Centenário do Rio ficou gravado na minha lembrança. E foi do Mercadinho Azul que me lembrei quando li uma reportagem em que Carlinhos Lyra observava que sua primeira americana ele encontrou lá. Depois é que veio a Kate para sua vida.
Pois é... e a rapaziada estranha hoje. Então, tá!
"Qual foi a sua 'calça Lee' ou a sua primeira 'Coca-Cola' na vida?"
O Zaga Mattos nos fez viajar no tempo! Qual dessas referências — do chiclete de bola ao 'raiudú' — despertou mais a sua memória afetiva?
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Sempre é bom ler Zaga Mattos. Reviver os bons e memoráveis momentos da vida é com ele. E eu vou na mesma onda! Adoro sua crônicas, seus contos, seus relatos.