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NÃO TIVE FILHOS...

  • William Santiago
  • 24 de out. de 2023
  • 2 min de leitura

Estudei o bastante para passar no Vestibular de Letras na Faculdade de Filosofia da UFMG, em 1968.. Foi o último vestibular independente. No ano seguinte, começariam os vestibulares unificados nas universidades federais. A UFMG passaria a fazer os seus no Mineirão. Cheguei a tentar um desses, para Educação Física. Passei, mas não me matriculei. Nem sei por que fiz, meu tempo estava todo tomado, só se houvesse aulas de madrugada. Mas isso é uma outra história.


Voltemos à vaca fria. Estávamos eu e o amigo Paulo Miranda sentados lado a lado numa sala da Faculdade de Filosofia da UFMG, na rua Carangola, em Belo Horizonte, no final de 1968. Distribuíram-se os "cadernos de provas", com a ordem de que cada capa estaria obrigatoriamente virada para baixo. Deveríamos aguardar a sirene que autorizaria a abertura dos cadernos, a partir daí seria excluído quem conversasse. Enquanto sirene não havia, a sottovoce, os candidatos circunstantes trocavam ideias e faziam revisões de ultíssima hora.


Paulo e eu também conversávamos, alguma piadinha se contou, De repente, pus sentido no meu caderno de provas: a última página era de papel fino, transparente. Eu podia ler tudo, como Narciso via sua face nas águas do lago mitológico. Naquela página estava a questão mais valiosa: a dissertação, valia 50% da prova. Era para deslindar, de acordo com o enredo do romance de Machado de Assis, as frases finais de Memórias Póstumas de Brás Cubas: "Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado de nossa miséria."


Perguntei ao Paulo se tinha lido. Disse que não. Rapidinho, também a sottovoce, fiz um resumo de quinze segundos do enredo, meio à TikTok, pois tinha lido o romance e gostado muito. Em seguida, toca a sirene, agora era cada um por si. No fim das contas, ele ganhou nota maior do que a minha e escolheu Alemão. Meu objetivo era Inglês,minha classificação não deu. Contentei-me com a Língua Pátria.E não foi tão mal assim: reforcei meu português e aprofundei-me em fonética e fonologia. O Inglês aprendi uns anos depois, na mesma faculdade, porém no curso específico para professores desse idioma no Projeto Premem. Isso, também, já é outra história.

 
 
 

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