BEM-TE-VIS
- José Alexandre Saraiva
- 27 de jan.
- 1 min de leitura
Só me dei conta depois. O alecrim em flor pendia por sobre o canteiro e exalava teu cheiro. Um casal de quero-quero vigiava a casa e na rua crianças brincavam de roda em meio a borboletas brancas. A chuvinha fina de ontem tinha mimado a terra, deixando em festa gerânios e beijinhos coloridos. Sobraram gotinhas dela nas alamandas e nos hibiscos do jardim. Beija-flores chegaram em revoada para dessendentar a sede e se fartarem no néctar. O apito do trem das 6 soou como melodia. O orvalho ainda se diluía na rosa salmão quando chegaram dois bem-ti-vis. Um posou na palmeira, o outro se perfilou altivo no topo do ipê amarelo. O sol matinal refletia-se nos lambrequis, em cujas janelinhas se via o ... dando a primeira espreguiçada. Enquanto fervia a água do café, a TV anunciava teu filme predileto na sessão da tarde. Notei que os bem-ti-vis estavam de olhos fixo no portão. Eu tinha cansado de te esperar, mas tudo mudou com essa conspiração dos pássaros, das flores. Fitei os olhos nos bem-ti-vis e esperei vê-los encher o peito para te anunciar...








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